Essa semana o RS foi chocado com o
caso Bernardo o menino que há 10 dias havia desaparecido e agora é encontrado
morto e suspeita-se que pai e madrasta tenham cometido o crime.
E, no meio dessa notícia triste
começam a surgir testemunhas, fatos, hipótese. O que me deixa mais triste é que
esses depoimentos vêm todos falando de um pai ausente, negligente talvez, e de
uma madrasta “nada legal”.
Vizinhos que começam a contar que
o menino era deixado para o lado de fora da casa até que seu pai chegasse. Pessoas
que o conheciam e sabiam que ele era carente e “abandonado” dentro do seu
próprio lar.
Não julgo essas pessoas nem a
justiça que no seu papel deu uma segunda chance ao pai, mesmo tendo sido
procurada pela própria criança. Prova suficiente de que as coisas não estavam
boas dentro de sua casa.
E, diante dessa enxurrada de
informação fui me dando conta porque isso nos mobiliza tanto, além da morte que
por si só já é trágica. Nos mobiliza porque todo mundo conhece um “Bernardo” e
pouco é feito por ele. Porque em algum momento esses vizinhos se culparam e
devem ter se perguntado por que não acionaram o conselho tutelar e demais órgão responsáveis...
É preciso quebrar o discurso de
que “cada pai sabe como criar seus filhos” é preciso ter coragem sim, e se
meter auxiliar essa criança. Afinal está lá no Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990, artigo 4 e 5:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será
objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.
Há mil formas de violência, geralmente
ficamos chocados com a surra, com a violência corporal. Mas há violência também
num olhar e principalmente na falta dele, há violência no descaso e na solidão.
Parece mais difícil de percebermos, afinal, a mesma é silenciosa, mas se
prestarmos atenção no outro, sempre há sinais notáveis.
Então, quando um pai, mãe e/ou responsável
estiver negligenciando uma criança é nosso DEVER fazermos algo. Talvez conversar com essa família, que muitas
vezes também precisa de ajuda, precisa de um olhar. Não é preciso buscar logo
de cara o órgão de proteção, muitas vezes convidar a família a refletir
funciona. Mas se é caso de violência extrema ou negligência continuada busque
sim auxílio. Isso tudo para que não haja mais Bernardos sendo “mortos” todos os
dias por falta de amor.
Que esse sentimento de impotência não seja
mais sentido nem por você, nem por mim, nem por ninguém.
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