Que mulher
nunca se pegou pensando em que tipo de mãe seria? Mesmo as que não desejam serem
mães, em algum momento da vida já pensaram um pouquinho sobre isso. Nem que
seja lá na adolescência, no alto da rebeldia quando se trancava no quarto com
raiva porque a mãe não deixou ir à festa e logo pensa: “quando eu for mãe, vou
ser muito diferente”...
Pois bem, eu
sempre quis ser mãe, e a vida foi-me “mostrando” que tipo de mãe eu iria ser
(risos, muito risos). Primeiro eu sou uma pessoa de personalidade super
difícil, então tinha certeza que seria uma mãe brava (até sou, mas não muito).
Depois, quando entrei pra psicologia vi tanta coisa que acreditei como verdades
absolutas que hoje tenho pena de mim.
Eu acreditava
que amamentar por mais de 6 meses era desnecessário, que bebê devia dormir em
seu quarto desde sempre, inclusive sempre brinco com uma amiga, se eu pagar a
minha língua minha filha dormirá no meu quarto até casar, ahahaha
Acreditava que
criança tinha que ir pra escolinha cedo pra acostumar, pra se socializar e que
chorar não fazia mal a ninguém... Como eu mudei! A única coisa que não mudou no
meu pensamento foi o critério que JAMAIS uma criança merece apanhar, no mais
tudo mudou.
Quando
engravidei passei a ler blogs e matérias todas quantas fossem possíveis sobre
maternidade, sono do bebê, alimentação, educação e tudo mais. Engraçado que
quando aquele pequeno ser “cai” no seu colo automaticamente o botão “DELETE” é
ativado. O instinto maternal aflora e coisas da tua infância reaparecem.
Algumas coisas
a gente não quer repetir com os nossos filhos, outras não queremos deixar de
fazer. Eu nasci de parto normal, queria também poder parir normalmente, mas a
natureza não permitiu. Simplesmente ela teve que vir antes, não porque ela
quis, mas porque corria riscos e bater o pé e esperar a hora “certa” era
tolice. Abandonei meu primeiro propósito para seu bem. Ela veio linda e
saudável, porém, miúda. Quinze dias de UTI recebendo o meu leite mais
complemento para engordar logo e vir embora. Eu ia contestar o Leite
Artificial? Ah, as mães de UTI é quem sabem. Eu queria mesmo era levar ela
embora comigo, se o médico dissesse pra dar Mac Donald eu daria sem culpa (ok
exagerei). Mas fiquei os primeiros 15 dias sem dormir com minha filha...
Quando ela
veio pra casa passei a dar o leite materno com muito carinho, mas parecia não
ser o suficiente, eu acreditei que não era. Ela já veio “meio” adestradinha da
UTI, só acordava de 3h/3h mesmo eu acreditando na livre demanda.
Com 4 meses
uma bronquiolite e uma possível internação que eu enlouqueci e o médico cedeu e
não internou. Meu marido e eu fazíamos bombinha a cada meia hora, e ela não
tinha forças pra sugar no peito, lá veio a mamadeira e ela não foi mais embora.
Não quis mais saber do peito e eu também não fui a pessoa mais persuasiva nesse
ponto (arrependimento)!
Com tudo ela
passou a dormir a noite toda, a coloquei em seu quarto e me orgulhava que ela
até dormia sozinha, sem embalos. Até os 3 meses muito embalamos. Os dias foram
passando e tudo estava dentro do meu primeiro planejamento de ser mãe.
Nos mudamos, a
casa em que fomos morar só tinha um quarto, arrumei o espaço dela, berço cômoda
e brinquedos. Mas já não dormia mais na cama dela, dormia comigo até o papai
vir pra cama e depois ele colocava no berço. Quando o papai tava com preguiça
ou queria “um cheirinho” ele deixava ela ali conosco.
Nos mudamos
novamente, tudo igual e nos mudamos mais uma vez. Agora estamos num apartamento
que tem 2 quartos, mas como infelizmente, também é provisório nem a adaptei em
seu quarto. Caminha no nosso quarto e a mesma rotina, dorme comigo e depois vai
pra cama dela ou não vai, papai quem decide... hehehe
Quanto à
escola relutei o que deu pra colocá-la, e só a pus por necessidade, pois, se
pudesse ficaria com ela em casa por mais tempo. Como não trabalho pela manhã,
ficamos juntas, brincamos, lemos e “preparamos” o almoço, sempre é muito
prazeroso esse nosso tempo.
Vi que aquele
modelo de mãe meio soldado do exercito falido não cabia em mim. Que eu quero
que minha filha ganhe muito colo, muito beijo, muito amor. Que eu quero passar
o maior tempo possível com ela e tornando nossos momentos felizes.
No meio disso
tudo li muito sobre a criação com apego e método Montessori, que são assuntos
pra outros dois posts. Mas o que posso dizer é que hoje eu faço a meia culpa de
quanto fui ridícula em julgar, em achar que em todo lugar é igual, que tem
receita de bolo pra criar uma criança.
Eu lembro
quando confessei pra duas colegas de profissão (psicólogas) que minha filha
havia dormido em nossa cama com 2 meses, como se fosse um crime. Hoje eu rio de
mim mesma, Freud teria vergonha da mãe/psicóloga que sou.
A minha filha
dorme a noite toda, come muito bem, é esperta e brinca sem parar. Privilegio
uma vida repleta de boas sensações e muito amor. E isso me basta...
E você como é
ou acha que será?