quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lei da Palmada, desafio de lógica!

Foi aprovada pela Comissão da câmara a Lei da Palmada, rebatizada como Menino Bernardo, junto com isso já se viu todo tipo de discurso contra a lei. Desde usar a bíblia como referência até a mais comum “os pais perderam o direito de educar” como se uma coisa estivesse ligada a outra.
Contudo então convido a todxs a pensar junto comigo. Quem gosta de desvendar raciocínio lógico vai se amarrar.

Situação 1: Um homem de 1,70m pesando 70kg tem como sua companheira uma mulher de 1,60m, 60kg. Ambos se dão bem e se gostam muito, porém sempre que estão discutindo e divergem de opinião o homem num ato de desequilíbrio dá-lhe um soco em seu rosto.
 Isso é: VIOLÊNCIA!

Situação 2: Este mesmo homem tem seu pai de 85 anos, um homem forte e lúcido, porém de pernas já um pouco fracas. Eles saem para caminhar algumas vezes, e quando o homem (filho) está nervoso ou apressado, este pega seu pai pelo braço e o leva meio que arrastando e afirmando que o “velho é muito lento”.
Isso é: VIOLÊNCIA!


Situação 3: Este mesmo homem trabalha numa empresa em que a secretária é bastante eficiente, mas por vezes, comete alguns pequenos erros. Este homem grita com ela a chamando de burra e incompetente.
Isso é: Assédio Moral e VIOLÊNCIA!


Situação 4: O cachorro desde homem é bastante bagunceiro e late muito durante a noite. Então, o homem deixa seu cão amarrado na corda sem comida nem água por uns 3 dias para que ele “aprenda” a se comportar.
Isso é: Maus tratos e VIOLÊNCIA!


Situação 5: Havia uma linda árvore próximo a seu terreno, esta era nativa, mas o homem achava que a mesma fazia muita sujeira e resolveu cortar totalmente.
Isso é: Crime Ambiental e VIOLÊNCIA!

Situação 6: Por fim, este mesmo homem com tamanho e medidas acima citado tem um filho de 3 anos com 95cm e 14kg, este muito saudável e “arteiro” então seu pai lhe dá uma chinelada na bunda e pernas quando ele desobedece.
Isso é: Educação! (Como?)


Agora você que leu as 5 situações e concordou comigo, como pode na 6ª situação simplesmente achar que isso é uma forma de disciplinar?
Como pode a criança merecer menos respeito que qualquer outro ser vivo?
Como pode ainda hoje pais acreditar que filhos são suas propriedades e podem fazer o que bem entenderem?
A criança assim como todxs merece ser respeitada, merece ser entendida.
Na maioria os pais que cometem esse tipo de violência amam muito seus filhos e dariam a vida por eles. Mas aprendeu na sua infância que as coisas se resolviam com uma “bela palmada”. E, por vezes resolve a ação imediata, mas não trás a luz para nenhuma reflexão. A criança quando apanha aprende que não pode repetir determinada ação porque ela vai apanhar (e isso dói, lhe causa desconforto e vergonha), mas ela não aprende que o fogão é perigoso, ela não aprende que ela pode riscar no papel ao invés do sofá. Ela aprende principalmente que os maiores e mais fortes podem fazer com que os mais fracos lhes façam as coisas na base da violência.
Quase nenhuma família associa um adulto que tem dificuldade em se relacionar, em se comunicar, que tenha a autoestima baixa com as palmadas, castigos e frases de violência psicológica.
As pessoas facilmente alegam que se não educarem as crianças, essas se tornarão em marginais sem limites. Não há um único parágrafo dessa lei que diga que a família não possa educar seus filhos. Porque educação não está relacionada com violência.
Proibiram-se circos que continham animais, pois, muitos sofriam maus tratos e adestramento com violência, mas ainda se discute se um familiar pode ou não bater numa criança.
Ser mãe e pai não é sempre o paraíso, é cansativo pra caramba, a criança exige muita atenção, e é assim pra todo mundo. Não é menos difícil pra quem é contra bater. Não é mais duro pra aquele/aquela que bate. É cansativo pra quem trabalha fora, pra quem fica em casa com as crianças.
Mais uma vez repito, eu creio que mesmo o pai/mãe que bate na criança ama muito seus filhos. Porém, a diferença entre os que calcam suas relações sem violência ou com violência é a informação. É quebrar a corrente do “sempre foi assim” e começar a pensar, é não despejar na criança todas as suas frustrações e cansaço do dia. É perceber que muitas das travessuras são só travessuras.
Não faz parte de um plano diabólico da criança desafiar os pais, muitas vezes a criança derrama as coisas na mesa porque ela ainda não tem coordenação total pra ação que desempenhou, se ela risca na parede é porque tem necessidade de ver sua escrita de outras formas ou é só desejo/instinto mesmo.
Conhecer um pouco do desenvolvimento infantil, não deixar a criança com muito sono, fome, sede (necessidades básicas que deixam qualquer um irritado) elimina muito das birras, dos estresses nas famílias.

Por fim, com essa lei as famílias vão poder continuar dizendo não aos seus filhos, vão poder lhes dar limites sim. Porém, terão de ser melhores comunicadores, articuladores e negociadores. 

4 comentários:

  1. Que beleza de texto! Parabéns. Você conseguiu dizer muita coisa, é um resumo maravilhoso e didático.

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  2. Essa reportagem é muito esclarecedora e vemos que a violência contra a criança se torna uma coisa comum entre pais, porque pensam que bater é o caminho para resolver problemas e educar. até criticam a lei, dizendo que quando podiam bater nos filhos os mesmos respeitavam mais e eram bem educados e sucedidos, e ninguém morre de levar uns corretivos "violentos", pancadas. Tem que haver mudança de paradigmas, buscar conhecimento, aprender lidar com os filhos e entender que os mesmos precisam de ajuda para aprender, entender situações, diferenciar o certo do errado, e com isso criarem seu modo de vida baseado no respeito com um bom desenvolvimento psicológico e intelectual, carinho e amor.

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  3. Hoje vi no facebook todo mundo (na maioria pessoas sem filhos), e alguns amigos que sei que vivem estressados no trabalho, e defedem o uso da palmada, me senti a ET, será que eu tô errada em criar meu filho apenas com amor sem violência. Vi seu texto, e me senti melhor, no caminho certo, é com amor, exemplos e conversa que se educa alguém.

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